sexta-feira, 20 de agosto de 2010

LSD pode combater a depressão, dizem cientistas

Drogas psicodélicas como o LSD podem ser usadas para combater a depressão e tratar alguns tipos de câncer, de acordo com pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça. A ketamina, substância utilizada como tranquilizante de de cavalos, se tornou uma 'droga de festa' por causa do efeito 'psicodélico'.

Os médicos suíços explicaram que os avanços relativos à nossa compreensão do funcionamento cérebro nos fazem ver além dos efeitos negativos das substâncias. Sendo assim, é mais fácil investigar os possíveis benefícios para tratar de doenças mais complexas.

As drogas podem ser usadas como uma espécie de catalisador, ajudando os pacientes a modificarem sua percepção de problemas e melhorar os níveis de dor.

"Estas substâncias podem dar aos pacientes uma nova perspectiva", disse o Doutor Franz Vollenweider, que publicou um artigo sobre o tema no jornal Nature Neuroscience.

Estudos sugerem que o LSD, proibido em todo o mundo desde os anos 60, ajudaria doentes com câncer e outras doenças em estágio terminal a 'aceitar melhor seu destino'. Isto aconteceria porque ele age sobre os circuitos cerebrais e substâncias químicas envolvidas na depressão, ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo.

Nos testes realizados, alguns doentes tiveram uma rápida melhoria na sua condição.

Especialistas britânicos pediram que as pessoas não se automediquem, explicando que a droga foi declarada ilegal por motivos sérios.

LSD foi descoberto acidentalmente por cientista suíço Albert Hofmann quando este estudava as propriedades medicinais de um fungo.

domingo, 25 de julho de 2010

Entre a euforia e a depressão

"Passei em uma livraria em São Paulo e comprei R$ 6.000 em livros. Fiz dedicatórias para alguns amigos meus que, na hora, achei fantásticas. Foi em um momento de euforia, quando a gente se acha genial. Depois que passou a alegria, caí na real e acabei não dando os livros para ninguém". Essa é apenas uma das inusitadas histórias que o publicitário Marcelo Diniz, 62, viveu desde que descobriu ter transtorno bilopar, há 38 anos.

De forma bem humorada, ele colocou toda a sua experiência com o distúrbio - que tem como principal característica a oscilação entre a depressão e a euforia - no livro "Crônicas de um Bipolar", lançado na última semana. "Eu estava fazendo um livro de crônicas sobre passagens da minha vida. Aí, decidi ampliar a ideia e escrever histórias que vivi nos momentos de crise causadas pela bipolaridade", conta o publicitário.

Apesar de esse não ser o principal objetivo da publicação, Diniz considera importante tratar publicamente a bipolaridade para que as pessoas entendam melhor a doença e percam o preconceito com seus portadores.

O próprio autor é um exemplo de que a doença não impede as pessoas com transtorno bipolar de terem uma vida normal. Diniz é um publicitário bem sucedido e já desenvolveu projetos para uma série de empresas de grande porte. Hoje, ele é assessor da Associação Brasileira de Agências de Publicidade e planejador da Associação Brasileira de Propaganda.

Além disso, "Crônicas de um Bipolar" é o segundo livro escrito por ele - a estreia como autor foi com "O capital moral ou a falta dele", lançado em 2004.

Tratamento. A médica e psicanalista Soraya Hissa de Carvalho explica que, apesar de a doença não ter cura, as pessoas com transtorno bipolar conseguem viver uma vida tranquila, desde que façam um tratamento adequado. "Dá para manter a doença sobre controle com o tratamento e voltar à vida produtiva, o que, em momentos de crise, é muito difícil", garante a médica.
Segundo a especialista, portadores de transtorno bipolar costumam passar por fases críticas de depressão e euforia. No primeiro caso, os sintomas são queda da concentração, atenção e auto-estima, além de ideias de culpa e inutilidade.

Já nos momentos de euforia, o doente passa a perder o sono e deixa de avaliar riscos. "É normal que elas se envolvam em situações de alto risco, como carros em alta velocidade ou o uso de drogas. Nas situações mais extremas, elas podem até tentar suicídio", alerta.

Saiba mais sobre a bipolaridade
Cautela. O diagnóstico da doença pode ser lento e deve ser cuidadoso. "Não podemos classificar uma simples mudança de humor do dia-a-dia como um transtorno grave", explica o psiquiatra Ricardo Moebus. Ele conta que os transtornos ocorrem frequentemente e têm características comuns.
Causas. A bipolaridade não é uma doença genética. Os especialistas advertem que ela pode se manifestar por vários motivos - o mais comum é a ocorrência de abalos emocionais graves ao longo da vida.
Tratamento. Alguns doentes precisam de medicamentos, terapias, participação em grupos de apoio e atividades que auxiliam no controle da euforia e da depressão.


Diagnóstico
Maioria não sabe que tem
A maior parte dos portadores de transtorno bipolar desconhece a doença, segundo a médica e psicanalista Soraya Hissa de Carvalho. “Várias pessoas não sabem que são bipolares e tratam o transtorno como depressão. Por isso, é importante avaliar bem o histórico do paciente para propor o melhor tratamento”, avalia a psicanalista.

É o caso do aposentado Luiz Carlos Coimbra, 62. Ele conta que, desde a adolescência, tinha atitudes fora do padrão, mas custou a descobrir o motivo. Coimbra só foi corretamente diagnosticado depois de perder a empresa da qual era proprietário – durante as crises de euforia, ele assumia compromissos financeiros que não conseguia cumprir. “Eu não avaliava riscos e minha empresa quebrou. Eu não tinha capacidade de notar que estava errado”, conta.
Após o tratamento, o aposentado garante que consegue manter uma vida normal. “Hoje, vivo harmoniosamente com minha família. Passei a conhecer meus próprios limites e os das pessoas que convivem comigo”, relata.