segunda-feira, 26 de março de 2018

Relatos e testemunhos de quem superou a depressão

“Não é possível que ele esteja deprimido. Estava todo sorridente ontem à noite.”
“Mas você não parece estar deprimido(a)...”
“Ela é jovem e bonita. Por que teria depressão?”
“Ele tem tudo na vida: um bom emprego, uma família feliz, estabilidade financeira. Não faz sentido ter depressão.”

Existe algum tipo de “cara” para a depressão? Cara de desânimo? De derrota? De quem caiu do caminhão de mudança? Cara do Gato de Botas chantageando o Shrek?
Não é difícil ouvirmos alguém dizer “nossa, mas nem parece que você tem depressão”, como se apenas emoções como tristeza, apatia ou desânimo dessem conta de representar um estado depressivo. Como se expressar alegria fosse um atestado de saúde mental garantida.

É também comum o julgamento sobre quem está sujeito ou não a uma depressão: Aquele(a) que enxergamos como bem-sucedido(a) está “imune” ou “não tem o direito” de ficar deprimido(a). Será que temos real acesso aos medos e angústias do outro? E se esse outro for alguém importante para nós, e estamos perdendo a oportunidade de ajudá-lo a enfrentar uma dificuldade?

Depressão é coisa séria e demanda respeito ao tempo e à singularidade de cada pessoa. Utilizar a palavra sem a delicadeza e a seriedade que ela merece só contribui para banalizarmos o debate urgente que precisamos fazer sobre saúde mental. O estigma e o tabu continuam sempre que não abordamos essas questões com a profundidade que merecem.

O autodiagnóstico ou o diagnóstico superficial de uma depressão também são perigosos, principalmente diante de uma realidade de consultas rápidas e antidepressivos sendo prescritos com uma grande facilidade. Estar triste não é sinônimo de estar deprimido, e a ajuda de um profissional especializado – como psicanalistas, psicólogos e psiquiatras – pode dar novos destinos para uma depressão que paralisa a vida.
As maneiras para se lidar com ela são variadas e devem estar alinhadas com o perfil de cada pessoa. Há quem prefira a análise, e há quem prefira a meditação, por exemplo. O importante é ter em vista que o cuidado com a saúde mental deve ser de longo prazo, e não uma solução rápida que resolva situações pontuais.
Na semana passada, a organização americana Blurt, voltada para a conscientização sobre depressão, fez uma campanha com a hashtag #WhatYouDontSee (#Oquevocênãovê). O objetivo era as pessoas compartilharem depoimentos sobre aquilo que não é visto em uma pessoa deprimida.
“A depressão pode afetar qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, independente da idade, do gênero e das circunstâncias pessoais. É uma doença invisível: vendo de fora, você não consegue dizer quem está sofrendo”, alerta a Blurt.

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